Meus Caros amigos,
Na minha pequenez percebo, mesmo assim, que a fé é mais do que crer. Crer todos crêem em alguma coisa e alguns crêem em muitas coisas. Cremos sempre em algo ou em alguém. Mas, arriscar é o verbo, a verdade mais profunda do crer. De tal modo arriscar é intrínseco ao crer que sem arriscar não há, de modo nenhum, um crer. O vazio da fé é precisamente a ausência do risco. Que arrisco eu, então? Arrisco a minha segurança pessoal. Arrisco a segurança dos meus. Arrisco a segurança do meu presente e do meu futuro. Arrisco tudo. Estava bem, tinha um futuro promissor, a minha família estava garantida para muitos anos, era um homem de sorte e... arrisquei tudo, toda esta segurança por Ele. De tal modo me seduziu e o reconheci como um valor superior a todas as coisas que arrisquei tudo. Arrisquei e não fiquei a olhar para trás. Arrisquei e não me desiludi quando vi que, por Ele, estava a perder todas as minhas seguranças. E não duvidei quando todos me chamaram tolo e inconsequente. Acreditar é mais do que uma ideia. Acreditar é alienar a própria vida nas mãos daquele em quem creio. Perceber isto já é algo, mas a grande experiência é vivê-lo. Aquele dia, aquele acontecimento, aquela experiência mudou a minha vida. Será mesmo? Aquele dia, aquela palavra, aquela experiência não foi apenas uma satisfação que me abria a portas para arriscar? Arrisquei ou fiquei à porta extasiado a ver os outros arriscarem? Muitos êxtases perdem-se no vazio dos dias que seguem e efumam-se em nada. A vida é mais que êxtase, é o risco de perder tudo por nada, na certeza de que, não por mim mas por Ele, o perder é a minha oportunidade. Então arriscar perder não é apenas uma possibilidade na minha vida. Perder é a realidade. Arrisco tudo porque vou perder tudo para ficar apenas com aquele em quem creio.
Abraços: romárioallencar
